Não importa o quanto chove lá fora e nem o quanto é difícil carregar a sacola de compras nas mãos e ter que abrir a porta ao mesmo tempo. Você está sozinha e precisa contar somente contigo. E esse "contigo" virou um companheiro constante, mas que não te ajuda a pagar as contas do aluguel. Você entra e larga as novidades do seu dia naquela prateleira alta da estante, pois lá elas ficarão protegidas até que um dia você possa dividi-las com alguém.
Você suspira. Um longo suspiro que rasga essa noite que parece não ter fim no seu contar do tempo. O vazio lhe cobre e lhe fere com um tecido áspero de uma realidade dura. A solidão. O espelho sabe. Sim, ele sabe que você é mais forte que ela e até se aproveita dela pra crescer um pouco mais dessa vez. Mas os livros de contos de fada e da própria história não conseguem negar o fato que a sua natureza humana não nasceu para ser só. Você pode viver sozinha, mas você não quer, e isso destoa dos seus dias tão ímpares.
E esse querer não cala a tua alma que grita insistentemente por um outro alguém. Cadê ele? Cadê aquele alguém que também te busca e te espera? Cadê aquelas vírgulas e reticências que completam a sua poesia? Ele vaga por aí e até cruza seu caminho. Vocês já se esbarraram, aposto! Mesmo que tenha cido em vidas passadas, só pode.
Mas aquele lugar ao seu lado na janela ainda o espera. Aquele pôr do sol ainda o espera. Os nossos sonhos ainda nos esperam. E aquelas novidades que você escondeu na prateleira mais alta da estante ainda o espera. Mesmo que se tornem velhas. Mesmo que não façam mais sentido. Por que um dia era pra ele que elas deveriam ser contadas. E não pra solidão.
maio, 31 - 2008
Um comentário:
POXA VIVIANE, AMEI VIU ESSE SEU POST, PARABÉNS. BJÃO BEM GRANDÃO...
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